quinta-feira, abril 06, 2006

o futuro de Portugal e da Europa...

Qual o futuro do projecto de Constituição Europeia? O que significa uma constituição europeia? Que efeitos terá sobre os estados-membros?
Neste momento o projecto de Constituição Europeia continua "engavetado" na maioria dos governos dos estados-membros europeus. Os dois "não", na Holanda e na França, não terão colocado este projecto de parte, na agenda política da União?
Eu penso que sim, e ainda bem. Ainda bem porque, não só está afectado pelas respostas negativas que lhe foi dado, bem como penso, que este projecto deverá ser abandonado e o assunto novamente repensado, não só ao nivel político como o devemos alargar à sociedade civil.
Quem de nós, cidadãos portugueses, está bem habilitado para decidir, com um "sim" ou um "não", quanto ao projecto? Discutiu-se alguma coisa em Portugal? Ouvimos dos governantes o que significa uma Constituição Europeia e que efeitos se repercutem na soberania nacional?
Não podemos ser referendados sobre qualquer matéria sem estarmos devidamente clarificados e informados. Como cidadão preocupado e responsável sobre os assuntos nacionais, alerto os senhores governantes deste facto e, exijo uma discussão clara e responsável de quem de direito, pois como sabem e eu também o sei, a Constituição Europeia afectará o futuro de Portugal.
Sei bem que, os mais prestigiados juristas nacionais, defendem que, a Constituição Europeia não pressupõe um Estado Europeu, e como tal não se trata de um direito estadual europeu, apenas de um direito Constitucional Europeu, mas eu, não estou bem certo disso.
Um estado é a conjugação de trés factores: um povo, um território e uma organização política. Se os analisarmos atentamente, verificamos que a europa é um estado. E se a Europa é um estado, o que são os estados-membros, estados federados ou, simplesmente, regiões.
O que é certo, é que, se não estamos perante um Estado Europeu, porventura, de algo semelhante estamos.
Uma constituição europeia significa que o direito comunitário é valorativamente superior aos direitos nacionais, inclusive o direito derivado europeu (regulamentos, directivas e decisões comunitárias) é superior às constituições nacionais.
Estamos falando de perda de soberania? Essa fomos perdendo ao longo da histórica integração europeia. A verdade é que Portugal, bem como os restantes estados-membros, são ainda nações soberanas, e se o projecto de Constituição europeia é tema de referendo nacional, é porque os estados-membros tem soberania para decidir que futuro a dar a si mesmos, no contexto europeu.
O que me preocupa é, que valor terão os parlamentos nacionais e por que meios, influenciaram os destinos da europa...
Hoje em dia, a União apenas dirige os aspectos e matérias comuns dos estados, ou seja, regula o "condominio" do edificio "Europa". Com a Constituição Europeia, a União regulará não esse condominio, bem como o espaço interno de cada estado-membro. Ou seja, a União governará inclusive os destinos de Portugal.
Será que é isso que queremos, não será que estamos muito bem assim!
A integração europeia pode ter abrandado, mas ainda não terá terminado. Tal como os "pais fundadores" o referiram, a Europa construirá "tijolo a tijolo", um estado de todos os europeus, ou seja, um estado federado.
Assim veremos...

terça-feira, abril 04, 2006

a minha aldeia…S. Paio de Carvalhal

Carvalhal, orago de São Paio, era da casa de Bragança, passando a apresentação dos seus párocos, com o título de vigários, para o D. Prior da Colegiada de Barcelos, aquando da criação da colegiada, no tempo de D. Afonso, 1.º Duque de Bragança e 8.º Conde de Barcelos.
O nome de Carvalhal, sítio onde há muitos carvalhos, vem a esta freguesia de aqui ter havido grandes devesas daquelas árvores.
Nas Inquirições de 1220 vem com a designação -« De Sancto Pelagio de Cavalal », nas Terras de Faria e nelas se diz que o rei tem aqui alguns reguengos e que ista eclesia está no couto do Hospital.
Nessa mesmas Inquirições dizem: em Portocarreiro costumava entrar o mordomo para a voz e calúnia, mas agora entra em Medaos por causa de D. Maria Soares e seus filhos e em Portocarrreiro por causa de Albergaria de Barcelos.
Nas Inquirições de 1228 diz-se que nesta freguesia havia um couto, marcado por padrões, de que se não pagava foro a el-rei e as crianças foram feitas no tempo de D. Afonso avô deste rei.
A Igreja Paroquial era primitivamente no lugar do Assento ou S. Paio, onde estava ainda nos fins do século XVII. Perto dela existia um cruzeiro, com certeza o paroquial, do qual ainda há poucos havia vestígios.
Transferida a matriz para o sítio onde está, foi aí construído um bom templo, século XVIII (que me dizem sofreu grandes reformas) e subsequentemente uma bela torre para os sinos, ao lado da sua fachada, a qual tem um relógio antigo, ignorando-se, porém, quando foi aí colocado.
Das obras que nesta Igreja e ainda na antiga matriz se fizeram nada se sabe de positivo, pois o arquivo paroquial desta freguesia é um dos mais pobres que tenho encontrado.
Em frente à Igreja estende-se um largo e extenso terreiro ao fundo do qual se ergue o Cruzeiro Paroquial, sem data mas que parece ser obra do tempo da Igreja.
Ao lado desse terreiro há varias cruzes de via-sacra tendo uma delas na base o seguinte letreiro - « JOÃO FR.co DOS SANTOS. M. F. ESTAS. – RAS P. D. P. HV. P. N. E. Ab. M. 1726 A.
Há ainda no lugar da Marnota, ao lado do caminho, um cruzeiro tosco sem inscrição alguma.
Encontram-se nesta freguesia os seguintes Nichos ou Alminhas: o de Portocarreiro, o do Cruzeiro, que tem gravado em pedra: ANNO 1852, o de Vila-Chã e o de S. Paio.
O Cemitério Paroquial tem sobre o seu portão a data de 1888 e contém vários jazigos de famílias. Entre eles sobressai um ao fundo, em frente da entrada, mandado fazer por João Gomes Franqueira, o qual pela sua grandeza mais parece uma capela onde se exerce culto.
Há várias capelas nesta freguesia.
Capela de Santa Cruz das Coutadas. Foi erigida em comemoração do aparecimento de uma cruz no solo, no sítio onde está a capela, no dia 13 de Fevereiro de 1861.
Fizeram naquele ano uma barraca de madeira em forma de capela a cobrir aquela cruz e criou-se uma comissão para recolher as esmolas e angariar donativos para a construção de uma capela de pedra, cuja construção se efectuou no ano de 1867.
Tem a seguinte inscrição: – ESTA CRUZ. FOI. APARECIDA. EM. 13. DE. 1861. FOI. ESTA. CAPELA. FEITA. Em. 1867.
Capela de Nossa Senhora da Esperança. É particular e está ao lado sul da Casa de Pereiró, junto ao caminho, a facear com o majestoso portão ameado e armoriado da mesma casa.
Dentro da capela e ao centro existe uma sepultura com escudo esquartelado; no primeiro Pereiras, no segundo Vasconcelos e assim os contrários, elmo e timbre o de dos Pereiras.
Por baixo deste escudo tem a seguinte inscrição: S.A DE BALTAZAR. DE. BRITO. VASCONCELOS. E. DE. SVA MULHER. D. ANT. – 1737.
No distrito desta freguesia, ao subir o monte para a Franqueira, ao lado da calçada que vai até ao convento, estão as cinco primeiras capelas do Calvário.
A primeira, representa o «Senhor no Horto» e foi mandada construir em 1710; a segunda, a «Prisão de Cristo»; a terceira, o «Senhor preso à Coluna»; a quarta, o «Senhor da Cana Verde» e a quinta, o «Senhor dos Passos», seguindo-se outras que já ficam na freguesia de Pereira.
Esta freguesia do Carvalhal está situada em uma planície fértil e é abundante em cereais e vinho.
Confronta do norte com a de Barcelinhos, do nascente coma a de Alvelos, do sul com a de Pereira e do poente com a de Gilmonde.
É banhada pelo ribeiro dos Amiais sobre o qual se contam nesta freguesia seis pontes a saber: a de Medros, a de Vila Chã, arrazada por uma cheia em 1902 e reconstruída em 1907, a da Marnota, a de Longras, a da Várzea e a do Portocarreiro, reformada em 1921.
É servida por uma Estrada Municipal que da freguesia de Barcelinhos, lugar de Mereces, parte da Estrada de Barcelos à Povoa de Varzim e vai pela Igreja até à encosta do monte. Parece que dentro em breve irá até ao alto, junto à capelinha de Nossa Senhora da Franqueira.
Tem as seguintes fontes públicas: a de Pontegãos, a de Pereiró, a de Marnota com a inscrição – C.M. 1900, a da Folha, a de Monte de Baixo, a de Portocarreiro, a do Pequeno e a de Medros.
A população desta freguesia no século XVI era de 38 moradores; no século XVII era de 12 vizinhos; no século XVIII era de 84 fogos; no século XIX era de 500 habitantes e pelo último censo da população é de 738 habitantes, sendo 327 varões e 411 fêmeas, sabendo ler 149 homens e 16 mulheres.
Não tem escola alguma oficial.
Tem caixa de correio.
Esta população está distribuída pelos seguintes lugares habitados: Igreja, Monte de Baixo, Bouça, Monte de Cima, Assento, Vila Chã, Medros, Portocarreiro, Felões, Pontegãos, Pereiró, Longras e Marnota.
As suas casas mais importantes são: a do Jardim, a de Chouso, a do Fidalgo, a de Pontegãos, a de Medros, a da Várzea, a do Fidalgo do Monte, a de Pereiró, a da Igreja e a da Marnota.
Não nesta freguesia a grande indústria; está esta reduzida a algumas moendas e engenhos de serrar no ribeiro dos Amiais e a uma fábrica de fazer papel grosseiro que funcionava ainda há pouco tempo.
A sua população, que é constituída principalmente por lavradores e proprietários, contém porém muitos artistas principalmente carpinteiros, alfaiates, etc.
Tem uma indústria típica que é a de rodeiros de carros de bois e de jugos.
O seu comércio está reduzido a uma única venda ou loja de mercearia.
Dos homens mais importantes que nasceram ou viveram nesta freguesia destacaremos os seguintes:
João Francisco dos Santos, a quem se refere a Crónica da Providencia da Soledade a páginas 304, edição de 1742, dizendo que ele era natural desta freguesia, do lugar de Portocarreiro, e que empregou todos os seus haveres, ganhos no Brasil, em obras pias e devotas, como a colocação do sacramento na Igreja Matriz da sua naturalidade e em outras vizinhas que não tinham.
José de Almeida Castelo Branco de Bezerra, senhor da casa de Pereiro, foipoeta apreciado no século XVIII, achando-se algumas das suas poesias dispersas.
Dr. José Maria de Figueiredo, natural desta freguesia, bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, seguindo a Magistratura, foi Juiz de Direito em várias comarcas.
Casou com D. Maria Luísa da Cruz, foi senhor, por compra, da casa de Pereiró nesta freguesia e faleceu em 1926.
Padre Manuel dos Santos Figueiredo, natural desta freguesia, benfeitor do Hospital da Misericórdia desta cidade, cujo retrato se encontra naquela casa de caridade, falecido em 24 de Junho de 1802.
Deu-se nesta freguesia e no lugar das Picas ou Hortão um encontro entre tropas francesas e as guerrilhas portuguesas que se oponham à marcha daquelas em Barcelos.
O general francês Lorges, destacado do Porto para apaziguar e submeter ao domínio daquela nação a província do Minho em Abril de 1809, encontrou algumas terras, como Ponte de Lima e outras, forte resistência, que por fim conseguiu subjugar usando de rigor e represália.
A vila de Barcelos, devido à prudência do seu corregedor Dr. João Nepomuceno Pereira da Fonseca Silva Veloso, natural da Casa da Torre de Moldes, Remelhe, que, abandonado da maior parte dos homens de armas e de todos os meios de resistência e defesa, recebeu os franceses com forçada urbanidade e amizade, foi poupada, nada sofrendo.
Não aconteceu porém o mesmo a algumas freguesias circunvizinhas; as depauperadas guerrilhas tentando opor um simulacro de resistência à marcha dos franceses não o conseguiram, sofrendo em consequência disso mortes, ferimentos dos seus moradores e incêndios de algumas das suas casas, como sucedeu em Perelhal, Gilmonde, Barcelinhos e nesta do Carvalhal.
Pelo registro paroquial se vê que desta freguesia morrerem para cima de seis pessoas nessa ocasião, não sendo porém possível apurar o mais que sucedeu”.


História da Freguesia de Carvalhal retratada por Teotónio da Fonseca em 1948

sábado, abril 01, 2006

o defeso do campeonato popular está a terminar...

Aproxima-se mais uma época de futebol popular. Este período de “defeso” deve ter servido como tempo de pausa e reflexão. E todos têm necessidade de reflectir.
A cada ano que passa, e (já) vamos para o 12º, as exigências são cada vez maiores, assim como as responsabilidades, sejam elas individuais ou colectivas.
O campeonato popular tornou-se num “grandioso fenómeno” no concelho de Barcelos, possibilitando que cerca de 1500 atletas pratiquem desporto, neste caso, futebol, ao longo de quase um ano inteiro. Para pôr este número de atletas em actividade estão envolvidos centenas e centenas de dirigentes das associações das freguesias participantes, dando o seu melhor em prol da comunidade que representam. Várias dezenas são os árbitros e árbitros-assistentes, que com o seu indispensável contributo, muitas vezes incompreendidos, pois o árbitro tem a tarefa mais difícil num jogo de futebol: não tem adeptos e, ninguém se lembra, que só não comete erros quem não desempenha a sua função. Verifica-se por vezes que alguns “mal formados”, por tudo e por nada não enjeitam a possibilidade de descarregar as suas frustrações em cima daqueles que têm a difícil missão de arbitrar um jogo de futebol. Sobre os erros dos árbitros no “popular” e para evitar entrar num “discurso redondo” não vale a pena falar muito. Se os árbitros erram no desempenho de funções ao mais alto nível mundial, não vão errar no “popular”? É claro que vão!
Para se ter noção da realidade, não se pode deixar de fazer referência às mais de 50.000 pessoas que no decorrer de cada época se deslocam das suas freguesias para outras, presenciando os jogos das suas equipas e criando, com isso, uma das mais-valias do campeonato popular: o intercâmbio a vários níveis entre as gentes das diversas freguesias do concelho.
À direcção da Associação de Futebol Popular de Barcelos cabe a tarefa e a responsabilidade de fazer os reajustamentos necessários em termos organizativos no intuito de corrigir algumas insuficiências ou eliminar eventuais lacunas. Esse deve ser o seu rumo. Todos temos o dever de tentar aperfeiçoar, essencialmente, quando nos dedicamos a causas públicas. No entanto, por muito que se melhore, também não podemos cair no extremo de exigir a perfeição... A perfeição é uma meta impossível!
Aos dirigentes das associações participantes cabe a tarefa de proporcionarem aos atletas condições condignas de ocupação dos seus tempos livres de forma sadia, sendo para isso necessário muito empenho e trabalho que nunca nos esqueceremos de o enaltecer; mas também a responsabilidade de incutirem no seu grupo “valores e princípios”. Estando nós perante uma competição de cariz “popular”, esta terá, obrigatoriamente, de se nortear pelos valores da verdade desportiva, da transparência e do fair-play. Dizem, e eu não encontro nada para discordar: “um grupo, por norma, espelha sempre o caracter dos seus líderes”.
Ainda que um pouco em surdina, mas nem por isso deixa de ser “voz corrente” daqueles que mais de perto estão ligados ao “meio”, que existem inscrições irregulares de atletas. Pelo que me chega, inscritos como cidadãos residentes na freguesia (...), apenas para tornar a equipa (...) mais forte, quando é do domínio público que estas residências não correspondem à verdade. Todas ou quase todas as semanas, aqui e ali se vai ouvindo falar destes casos, por aqueles que são conhecedores desta realidade em concreto. Isto (infelizmente) acontece devido à falta de responsabilidade de alguns dirigentes desportivos, mas, para que esta situação se efective torna-se necessário: a irresponsabilidade, o desleixo, a falta de princípios, e outras coisas mais que eu por decoro me recuso a escrever, de alguns autarcas que sem a mínima dignidade exercem cargos tão nobres. Todos os atletas para validarem a sua inscrição como residentes na freguesia (...) têm de fazer acompanhar a ficha de inscrição de um “atestado de residência” emitido pela respectiva Junta de Freguesia e/ou da sua certidão de eleitor emitida pelo programa do “STAPE”. Fazendo fé no que se vai ouvindo, vindo de quem é usual designarmos de “mentideros” estamos perante uma cruel realidade! Neste momento, reflectindo nisto, sinto uma certa dificuldade em alinhar ideias. Quanto injusto isto é para todos aqueles autarcas e são muitos, (desta cruel realidade fala-se apenas de um ou outro caso) que muitas vezes contra “ventos e marés” se batem afincadamente por os mais elementares valores de cidadania. Quem incorre neste tipo de comportamento deveria corar de vergonha até à eternidade. Mas não, coram todos aqueles que sentem obrigação de contribuir na construção de um futuro mais risonho para os vindouros. “Os ditos cujos, talvez chafurdando na pequenez do seu mundo”, nem se apercebem de nada. Parece impossível!!! Mas dizem que é assim... Como as palavras não me surgem, tendo por isso dificuldade em encerrar o tema, resta-me, citar aqui um amigo meu, que quando em conversas de café por vezes se fala nestas “habilidades ou em chico-espertices” semelhantes levadas à pratica por alguém, depois de ouvir atentamente a história, imediatamente afirma: “quando for grande, quero ser como eles!!!”.
Como não pode deixar de ser, no contexto do “futebol popular” os atletas são sem margem para dúvidas o “elo mais forte”. É por eles e para eles que muitos trabalham, sacrificando-se vezes sem conta a sua vida a vários níveis, como também, a daqueles que lhes são próximos.
O desempenho dos atletas que jogam no campeonato popular é deveras importante. Compete-lhe ajudar a formar um grupo unido e coeso, fomentando a camaradagem, a disciplina, o respeito por todos os intervenientes no jogo sejam eles directos ou indirectos. Têm imensas responsabilidades, porque neles se reflecte a imagem da freguesia que representam. E, quer queiram quer não, transportam-na, enobrecendo-a ou atirando-a para a lama... A sua atenção é indispensável no sentido de verificar se todos os colegas do grupo caminham no rumo certo. Haverá, talvez, colegas vossos por razões que aqui e agora não interessam, descambam para caminhos perigosos e inadequados. O vosso contributo é decisivo para os fazer regressar ao local de onde nunca deviam ter partido.
Hoje, jogar futebol no campeonato popular durante uma época inteira, não se pode encarar de ânimo leve, como sendo uma brincadeira qualquer ou algo do género. Os jogadores do “popular” sujeitam-se a um desgaste físico tremendo ao longo de quase um ano inteiro, a grande maioria, como também se vai ouvindo (honra seja feita ao G. D. R. de Campo e possivelmente a mais um ou outro atleta, que são excepção), sem ter a mínima consciência se o seu organismo e a sua saúde o permitem. Sem consultar um médico que os examine devidamente para se aquilatarem das suas reais aptidões em termos de prática desportiva.
Já tenho conversado com alguém imensamente preocupado com isto, sei também que este tema não passa ao lado da direcção da Associação de Futebol Popular de Barcelos que me parece dispor de meios logísticos e financeiros limitados..., para por si só resolver a questão. Este não é só um problema do “popular”, é um problema de todas ou quase todas as associações que têm atletas a praticar desporto não federado. Devido à dimensão que atinge, torna-se num problema sério do concelho de Barcelos - digo eu, é claro. Perante tal cenário, não será este um tema para todos reflectirmos?
Dentro de poucos (...) dias entraremos em Campanha Eleitoral para as Autárquicas. Não será este um assunto interessante e pertinente para os políticos da nossa praça discutirem na campanha? Um problema fulcral do desporto no concelho não terá a importância suficiente para deixar para trás: “discussões fúteis, intrigas insuportáveis, guerrilhas inúteis, e por vezes, até, ataques... pessoais indecentes” que desmotivam cada vez mais os cidadãos, levando muitos a incorrerem no erro de não cumprir o seu dever cívico? Esse leque imenso de candidatos, não se preocupará com milhares de atletas inscritos nas associações do concelho praticando as mais diversas modalidades desportivas, a enormissima (estarei a exagerar?) maioria sem qualquer exame médico?
Para manifestar a minha opinião confesso-vos: filhos com condições de jogar no “popular” não tenho, se tivesse, jogariam com certeza. Depois de um médico os considerar aptos para tal. Quanto a mim: o “cabelo... branco”, a cada dia que passa tolhe-me a velocidade não me permitindo sequer ser candidato a “apanha-bolas”, porque até para essa função (e não a considero menor), só a desempenharia com a certeza de que o meu organismo e a minha saúde o permitiam.
O “defeso” do campeonato popular está a terminar... com ele, não se pode esgotar o tempo de reflexão.
Manuel Sousa