segunda-feira, novembro 06, 2006

o revés da medalha...


Saddam Hussein, de 69 anos, antigo presidente do Iraque, foi condenado, ontem, pela justiça do seu país, à morte por enforcamento.
Chega assim ao fim o processo mais mediático do mundo, e também o mais controverso.
O julgamento de Saddam teve início em 19 de Outubro de 2005. O Alto Tribunal Penal iraquiano condenou Saddam por crimes contra a humanidade e o sentenciou pelo massacre de 148 xiítas na cidade de Dujail em 1982.
"Nascido em 1937 numa tribo sunita da região de Tikrit, Saddam teve uma infância dura. Ficou órfão de pai ainda antes de nascer e seria um tio que o protegeria durante a infância. Mais tarde, outro familiar, o primo Ahmed Hassan al-Bakr, promoveria a sua ascensão dentro do Baas, força impregnada pela ideologia do socialismo pan-árabe que ambicionava transformar o Iraque no mais poderoso país do Médio Oriente. Revolucionário desde a década de 50, Saddam passou uma época no exílio, tendo estudado direito no Cairo. De regresso a Bagdad, apoiou-se no clã ligado a Tikrit para ganhar relevo no Baas. E, nos anos 70, era já figura incontornável do regime, como número dois do presidente al-Bakr.
Presidente desde 1979, Saddam transformou o Iraque num prolongamento da sua pessoa. Todas as estátuas de Bagdad eram-lhe dedicadas, quase todos os edifícios públicos ostentavam o seu nome, o aeroporto da capital iraquiana chamava-se Saddam Hussein. O clã de Tikrit dominava tanto o Baas como o próprio aparelho de Estado. Os dois filhos do líder, Udai e Qusai, tornaram-se figuras-chave do regime, o segundo como possível herdeiro, o primeiro como terror de qualquer habitante de Bagdad. Chegou a contar-se a história de que muitos membros da elite política e económica de Bagdad proibiam as filhas mais belas de sair à noite por receio de Udai as sequestrar.
Apesar da riqueza petrolífera do Iraque, os anos de Saddam no poder foram de penúria. A guerra contra o Irão, entre 1980 e 1988, deixou o país empobrecido e com milhares de mutilados de guerra. A invasão do Koweit em 1990 foi ainda mais desastrosa, pois levou a um ataque americano e a uma década de sanções da ONU. Saddam foi finalmente derrubado em 2003 por suspeita de possuir armas de destruição maciça (nunca encontradas). O exército iraquiano, sabe-se hoje, não lutou muito pelo seu líder. Nem sequer a famosa Guarda Republicana, que era um dos esteios do regime baasista. Capturado em finais de 2003, Saddam reclama-se ainda presidente do Iraque. Só os sunitas, privados do seu tradicional poder, sentem ainda alguma solidariedade com o antigo líder. Os curdos e os xiitas, que Saddam perseguiu sem piedade, festejam hoje o seu destino."(Diário de Notícias Online)
Quer se goste ou não, Saddam é uma figura incontornável da comunidade internacional. E no caso de não gostar, não podemos deixar de questionar, a validade do seu julgamento e da correspondente sentença.
Será que Saddam teve um julgamento justo? Será que a pena capital sentenciada, que remonta à Lei de Talião, ou seja, "olho por olho, dente por dente", é a mais correcta?
Eu diria que a pena de morte não é a correcta até para o próprio. Sou e serei sempre contra a pena de morte, pois não me revejo no ideal de castigo e de retribuição.
Eu diria que Saddam teve o julgamento que merecia, mas também diria que este julgamento não dignifica a justiça das democracias ocidentais, que directa ou indirectamente, nele se encontram envolvidas.
Aquilo que mais me apraz dizer, é que, aquilo que distingue o ser humano de todos os outros seres é a sua capacidade de raciocínio e a sua inteligência, e é essa capacidade que cria mentes brilhantes como Albert Enstein e Leonardo Da Vinci, mas também mentes perversas como Adolf Hitler, Bin Laden e Saddam Hussein.
Talvez o que os distingue não é inteligência, mas sim o fim a dar a ela. Os primeiros usaram-na em prol da Humanidade, os outros contra.
A medalha, por mais bonita e valiosa que seja, tem sempre duas faces...

Sem comentários: